Confira a poluição gerada por passageiro em diferentes modais

Passageiro de ônibus emite cinco vezes menos carbono do que a pessoa que se desloca de carro, diz estudo internacional para São Paulo

Por Adamo Bazani - jornalista da Rádio CBN

Relatório da Fundação Hewlett para a SPTrans mostra urgência nos investimentos em priorização para o transporte público no espaço urbano e também para a ampliação de redes de trólebus e ônibus elétricos híbridos



Apesar de os veículos de transporte coletivo a diesel por unidade poluírem mais que os carros movidos a gasolina e a etanol, pela capacidade de transportes de passageiros que o ônibus possuem, o transporte público sobre pneus pode significar uma redução importante nas emissões de poluentes que por ano, em São Paulo, por exemplo, matam de duas a três vezes mais que os próprios acidentes de trânsito.

Estudo realizado pela Fundação Hewlett, entidade internacional formada por estudiosos em meio ambiente e urbanização, feito especialmente pela SPTrans, São Paulo Transportes, gerenciadora do sistema da Capital Paulista, desde 2007, revela a necessidade urgente de mais incentivos para a operação de ônibus na cidade, com a criação de espaços exclusivos para a circulação do transporte coletivo e formas de incentivar as companhias de ônibus a oferecerem tarifas mais baixas para que mais pessoas se sintam estimuladas a deixar o carro em casa.

Usando como base a tecnologia de emissão de poluentes com base nas normas internacionais Euro III dos ônibus a diesel, que não é mais fabricada no Brasil, mas que ainda representa uma parcela significativa da frota, os resultados de emissão de gás carbônico por quilômetro percorrido por motoristas de carro e passageiros de ônibus mostram que é no transporte coletivo que está uma das principais atitudes em prol da saúde das pessoas e da preservação do meio ambiente.

Uma pessoa num carro grande, utilitário do tipo SUV, emite por quilômetro que percorre de 200 gramas a 250 gramas de CO2 – gás carbônico, sendo o veículo movido a gasolina.

Num carro a gasolina de médio porte, a emissão de gás carbônico a cada quilômetro percorrido por pessoa varia entre 150 e 200 gramas.

Levando em consideração uma lotação de apenas 44 pessoas, ou seja, somente usuários sentados, o deslocamento de passageiros de ônibus simples a diesel com tecnologia Euro III é responsável por emissões de 30 gramas a 40 gramas de gás carbônico, percorrendo o mesmo quilômetro.

E São Paulo não investe mais em trólebus não é por falta de aviso. De acordo com a Fundação Hewlett no estudo para a SPTrans, a emissão de gás carbônica por pessoa que anda de ônibus 100% elétricos é de menos 5 gramas por quilômetro. O ônibus em si não emite nenhum gás carbônico, mas é colocada na conta a geração da energia elétrica na fonte e até mesmo a respiração dos passageiros. O número é o mesmo dos passageiros do metrô e dos trens pesados.

Ainda de acordo com o estudo, em corredores e faixas simples, os ônibus convencionais a diesel, ainda com tecnologia Euro III, podem consumir cerca de 20% menos, o que significa também redução ainda maior de poluição por passageiro transportado.

Isso porque, sem o para e anda nos congestionamentos, os ônibus conseguem atingir um desempenho e uma velocidade maiores. E quanto melhor o desempenho, menor é a poluição. É em baixas rotações que o motor mais polui.

A maior utilização de ônibus elétricos híbridos, que possuem dois motores, um a combustão e outro elétrico, e a modernização dos corredores, com pontos de ultrapassagem e linhas expressas e semi-expressas, seguindo os padrões do BRT (Bus Rapid Transit) seriam, junto com o metrô e o trem pesados, a situação ideal não só para a mobilidade urbana, mas para a saúde diante das emissões de poluentes que poderiam ser reduzidas, aponta o estudo.
O ônibus híbrido, dependendo do material lançado no ar, pode reduzir entre 26% e 92% as emissões de poluentes, diz outra fundação internacional de estudo, Cimate Leadership Group.

De acordo com o Programa de Planejamento Energético da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o BRT TransOeste, que liga Santa Cruz a Barra da Tijuca, é possível reduzir 107 mil toneladas por ano a emissão de gás carbônico.

Todos os organismos internacionais e brasileiros de pesquisa são unânimes em dizer: o que falta agora para as cidades é colocar as mãos na obra. Capacidade técnica para a construção de corredores de ônibus modernos o País tem, nascendo aqui o BRT, sendo inspiração para o mundo inteiro. Ônibus a diesel menos poluentes que possuem melhor rendimento e seguem os padrões internacionais de redução de emissões, as fábricas brasileiras fazem e se tornaram referências mundiais. Ônibus elétricos híbridos e trólebus mais modernos, eficientes e mais baratos, devido ao nível de nacionalização dos veículos, também são realidades no Brasil.

Bastam as políticas públicas, incluindo mais incentivos fiscais para o transporte público e menos para os carros, além de espaços adequados para estes ônibus servirem o transporte e a saúde das pessoas.

Fonte: Blog Ponto do Ônibus