Como melhorar o sistema de transporte brasileiro que é modelo mundial de mobilidade
Frota de ônibus de Curitiba subiu 9,10% e de carros quase 100% Estudos apontam que mesmo sendo um modelo de mobilidade, a cidade precisa continuar investindo na ampliação da prioridade ao transporte coletivo.
Por Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Que o sistema de transportes coletivos de Curitiba e Região Metropolitana é ainda hoje referência mundial de mobilidade urbana não se discute.
Quando em 1974, o então prefeito Jaime Lerner implantou o primeiro sistema de corredores de ônibus de trânsito rápido, hoje conhecido por BRT (Bus Rapid Transit), ele não pensou apenas num modal de transporte, mas numa reorganização da cidade, tornando o espaço público voltado para as pessoas. E para isso, priorizar o transporte coletivo foi a medida fundamental.
Hoje o sistema não se limita a Curitiba. Pela RIT – Rede Integrada de Transporte, 14 cidades, entre a Capital e a Região Metropolitana, contam com integração tarifária e física; ônibus convencionais, ônibus diferenciados como os biarticulados e os ligeirinhos (que fazem poucas paradas no trajeto) e estações-tubo, que permitem embarque e desembarque no mesmo nível do assoalho do ônibus, pagamento de tarifa antecipado, diminuindo o tempo de parada, e oferecem maior conforto e proteção ao passageiro que espera pelo transporte. Por dia, a RIT transporta cerca de dois milhões de pessoas.
Apesar de todos estes diferenciais, estudos comprovam que Curitiba e Região Metropolitana não podem parar no tempo e devem continuar investindo na priorização do transporte coletivo.
Desde 2000, a frota de ônibus na capital teve um aumento de 9,10%, indo de 1 mil 756 ônibus para 1 mil 930 no ano de 2013. Os dados são da Urbs – Urbanização de Curitiba S.A., gerenciadora dos transportes na Capital e Região Metropolitana.
Já a frota de veículos particulares, neste mesmo período, cresceu 97,83%, de 660 mil 203 unidades para 1 milhão 334 mil 984 carros, de acordo com o Anuário Estatístico do Denatran – Departamento Nacional de Trânsito.
É certo que a frota de ônibus não é o único indicador de investimentos em transportes. A colocação de veículos de maior porte, como mais articulados e mais biarticulados, e os ganhos de eficiência e na velocidade pelo aumento no desempenho do transporte coletivo, permitem que mesmo sem grandes acréscimos na frota de ônibus, mais viagens podem ser realizadas. Ou seja, mais passageiros atendidos com a frota de ônibus em uso.
Mas a discrepância entre o crescimento da frota de ônibus e de carro é preocupante pelo aumento do número de viagens em transporte individual, causando problemas como congestionamentos e aumento da poluição.
Enquanto a frota de ônibus cresceu 9,10%, a de carros subiu 97,83%, desde 2000, a população da capital paranaense cresceu 16,48%, indo de 1 milhão 517 mil 315 habitantes em 2000 para 1 milhão 848 mil 946 pessoas para 2013, de acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ou seja, a população cresceu mais que a frota de ônibus, mas bem menos que a quantidade de carros.
Como não é só frota de ônibus que significa oferta de serviços e sim eficiência, é importante ressaltar então a progressão dos espaços exclusivos para ônibus.
Neste período, a malha de corredores de ônibus ainda é pouco maior que 80 quilômetros e os estudos mostram que a capital e as cidades vizinhas, cada vez mais relacionadas a Curitiba, precisam de mais espaços exclusivos.
Uma das expectativas é o avanço da Linha Verde, um corredor mais moderno que os atuais para o Sul. Pela demanda atendida e pelos benefícios sociais e econômicos, o corredor deve atingir a cidade de Fazenda Rio Grande. Hoje os moradores do município enfrentam dificuldades para chegarem à capital e depois voltarem para a casa. A rodovia Régis Bittencourt – BR 116 já há anos apresenta sinais de esgotamento. O problema deve ser amenizado com a duplicação, mas as obras já extrapolaram os cronogramas iniciais e causam congestionamentos que prejudicam quem usa o transporte público e o transporte individual.
Em Curitiba e nas cidades vizinhas, técnicos já pensam no uso mais intenso de uma solução adotada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Enquanto não se ampliam corredores de ônibus ou em locais onde não é possível construir um sistema de corredor BRT, a implantação de faixas exclusivas, pintadas nas vias comuns, já traz ganhos para o transporte público, incentivando o uso racional do carro e não para todos os deslocamentos diários.
Para se ter uma ideia, na Capital Paulista há o chamado corredor Norte-Sul, formado por vias importantes como Avenida Santos Dumont, Avenida Tiradentes, Avenida Prestes Maia, Vale do Anhangabaú (no centro), Avenida Vinte e Três de Maio, Avenida Rubem Berta e Avenida Moreira Guimarães, servindo inclusive o Aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do País. Em alguns trechos das faixas no Corredor Norte-Sul, os ônibus ganharam velocidade 108% superior, sendo mais rápidos que os carros, de acordo com estudos da CET-SP – Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo. O prefeito Fernando Haddad reconhece que somente as faixas não são solução para mobilidade. Tanto é que parte do eixo Norte-Sul deve receber corredores de ônibus de fato. Mas a implantação das faixas, que já somam 346 quilômetros e 700 metros de faixas exclusivas, sendo 224 quilômetros e 600 metros implantados somente este ano, beneficiou quem opta pelo transporte coletivo.
Em relação a corredores, a Capital Paulista ainda deve muito à população. São cerca de 130 quilômetros para uma demanda mensal de 260 milhões de passageiros. Em 2012, os ônibus da Capital registraram 2 bilhões 916 milhões 954 mil 960 passagens. A prefeitura promete até 2016 a construção de mais 150 quilômetros.
O total de 280 quilômetros de corredores, somando os atuais e os prometidos por Haddad seria ainda pouco diante do que apontam os estudos sobre mobilidade urbana que indicam no mínimo como ideal 460 quilômetros corredores, isso contando com a demanda atual. Assim, com o crescimento no número de passageiros, a necessidade do aumento no número de corredores vai ser inevitável e extrapolar o indicativo dos 460 quilômetros como ideais.
Fonte: Blog Ônibus Brasil
Por Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Ônibus na Região Metropolitana de Curitiba. Estudos mostram que RIT – Rede Integrada de Transporte é ainda modelo mundial de mobilidade, mas ampliação à prioridade ao transporte coletivo é medida urgente. Frota de carros particulares na Capital Paranaense praticamente dobrou enquanto corredores de ônibus ficaram estagnados em 13 anos.
Que o sistema de transportes coletivos de Curitiba e Região Metropolitana é ainda hoje referência mundial de mobilidade urbana não se discute.
Quando em 1974, o então prefeito Jaime Lerner implantou o primeiro sistema de corredores de ônibus de trânsito rápido, hoje conhecido por BRT (Bus Rapid Transit), ele não pensou apenas num modal de transporte, mas numa reorganização da cidade, tornando o espaço público voltado para as pessoas. E para isso, priorizar o transporte coletivo foi a medida fundamental.
Hoje o sistema não se limita a Curitiba. Pela RIT – Rede Integrada de Transporte, 14 cidades, entre a Capital e a Região Metropolitana, contam com integração tarifária e física; ônibus convencionais, ônibus diferenciados como os biarticulados e os ligeirinhos (que fazem poucas paradas no trajeto) e estações-tubo, que permitem embarque e desembarque no mesmo nível do assoalho do ônibus, pagamento de tarifa antecipado, diminuindo o tempo de parada, e oferecem maior conforto e proteção ao passageiro que espera pelo transporte. Por dia, a RIT transporta cerca de dois milhões de pessoas.
Apesar de todos estes diferenciais, estudos comprovam que Curitiba e Região Metropolitana não podem parar no tempo e devem continuar investindo na priorização do transporte coletivo.
Desde 2000, a frota de ônibus na capital teve um aumento de 9,10%, indo de 1 mil 756 ônibus para 1 mil 930 no ano de 2013. Os dados são da Urbs – Urbanização de Curitiba S.A., gerenciadora dos transportes na Capital e Região Metropolitana.
Já a frota de veículos particulares, neste mesmo período, cresceu 97,83%, de 660 mil 203 unidades para 1 milhão 334 mil 984 carros, de acordo com o Anuário Estatístico do Denatran – Departamento Nacional de Trânsito.
É certo que a frota de ônibus não é o único indicador de investimentos em transportes. A colocação de veículos de maior porte, como mais articulados e mais biarticulados, e os ganhos de eficiência e na velocidade pelo aumento no desempenho do transporte coletivo, permitem que mesmo sem grandes acréscimos na frota de ônibus, mais viagens podem ser realizadas. Ou seja, mais passageiros atendidos com a frota de ônibus em uso.
Mas a discrepância entre o crescimento da frota de ônibus e de carro é preocupante pelo aumento do número de viagens em transporte individual, causando problemas como congestionamentos e aumento da poluição.
Enquanto a frota de ônibus cresceu 9,10%, a de carros subiu 97,83%, desde 2000, a população da capital paranaense cresceu 16,48%, indo de 1 milhão 517 mil 315 habitantes em 2000 para 1 milhão 848 mil 946 pessoas para 2013, de acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ou seja, a população cresceu mais que a frota de ônibus, mas bem menos que a quantidade de carros.
Como não é só frota de ônibus que significa oferta de serviços e sim eficiência, é importante ressaltar então a progressão dos espaços exclusivos para ônibus.
Neste período, a malha de corredores de ônibus ainda é pouco maior que 80 quilômetros e os estudos mostram que a capital e as cidades vizinhas, cada vez mais relacionadas a Curitiba, precisam de mais espaços exclusivos.
Uma das expectativas é o avanço da Linha Verde, um corredor mais moderno que os atuais para o Sul. Pela demanda atendida e pelos benefícios sociais e econômicos, o corredor deve atingir a cidade de Fazenda Rio Grande. Hoje os moradores do município enfrentam dificuldades para chegarem à capital e depois voltarem para a casa. A rodovia Régis Bittencourt – BR 116 já há anos apresenta sinais de esgotamento. O problema deve ser amenizado com a duplicação, mas as obras já extrapolaram os cronogramas iniciais e causam congestionamentos que prejudicam quem usa o transporte público e o transporte individual.
Em Curitiba e nas cidades vizinhas, técnicos já pensam no uso mais intenso de uma solução adotada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Enquanto não se ampliam corredores de ônibus ou em locais onde não é possível construir um sistema de corredor BRT, a implantação de faixas exclusivas, pintadas nas vias comuns, já traz ganhos para o transporte público, incentivando o uso racional do carro e não para todos os deslocamentos diários.
Para se ter uma ideia, na Capital Paulista há o chamado corredor Norte-Sul, formado por vias importantes como Avenida Santos Dumont, Avenida Tiradentes, Avenida Prestes Maia, Vale do Anhangabaú (no centro), Avenida Vinte e Três de Maio, Avenida Rubem Berta e Avenida Moreira Guimarães, servindo inclusive o Aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do País. Em alguns trechos das faixas no Corredor Norte-Sul, os ônibus ganharam velocidade 108% superior, sendo mais rápidos que os carros, de acordo com estudos da CET-SP – Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo. O prefeito Fernando Haddad reconhece que somente as faixas não são solução para mobilidade. Tanto é que parte do eixo Norte-Sul deve receber corredores de ônibus de fato. Mas a implantação das faixas, que já somam 346 quilômetros e 700 metros de faixas exclusivas, sendo 224 quilômetros e 600 metros implantados somente este ano, beneficiou quem opta pelo transporte coletivo.
Em relação a corredores, a Capital Paulista ainda deve muito à população. São cerca de 130 quilômetros para uma demanda mensal de 260 milhões de passageiros. Em 2012, os ônibus da Capital registraram 2 bilhões 916 milhões 954 mil 960 passagens. A prefeitura promete até 2016 a construção de mais 150 quilômetros.
O total de 280 quilômetros de corredores, somando os atuais e os prometidos por Haddad seria ainda pouco diante do que apontam os estudos sobre mobilidade urbana que indicam no mínimo como ideal 460 quilômetros corredores, isso contando com a demanda atual. Assim, com o crescimento no número de passageiros, a necessidade do aumento no número de corredores vai ser inevitável e extrapolar o indicativo dos 460 quilômetros como ideais.
Fonte: Blog Ônibus Brasil
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