Setor de ônibus no Brasil rumo ao ponto futuro



O setor de transporte de passageiros no Brasil vive um momento de expectativa. A realização de grandes eventos de grande porte no país – leia-se Copa do Mundo e Olimpíadas – nos próximos anos serve como chamariz para investimentos em soluções de transporte público nas maiores capitais, que ficariam como "legado". Diante desse cenário, a 9ª FetransRio, feira realizada bianualmente no Rio de Janeiro e que ocorreu entre os dias 3 e 5 de outubro no Riocentro, reuniu 150 expositores e foi palco para fabricantes e encarroçadoras mostrarem suas novidades, de olho em licitações públicas e pedidos extras de empresas de transporte. No entanto, nem tudo teve relação direta com essas novas demandas. Algumas fabricantes aproveitaram o evento para levar novos conceitos e tecnologias que só aparecerão nas ruas brasileiras no futuro, como os ônibus híbridos que já rodam em algumas cidades na Europa – Londres, Barcelona e Munique, entre outras.

Sem dúvidas, as maiores vedetes da FetransRio foram os projetos de BRT – do inglês Bus Rapid Transport. Implantados em capitais como Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, eles conseguem levar um número maior de pessoas por viagem através de vias de tráfego exclusivo, cortando grandes avenidas. A Mercedes-Benz mostrou com otimismo os chassis OM 500 MDA e UDA, capazes de suportar carrocerias de até 23 metros de comprimento. O "superarticulado" pode levar mais de 200 passageiros e tem aplicação específica nesses sistemas de transporte, onde as paradas são feitas em estações construídas junto aos corredores, nas quais o passageiro paga a passagem na própria estação e libera os ônibus das famigeradas catracas. Já a MAN Latin America mostrou o chassi 26.330 OTA, também com especificações para atender às necessidades dos BRTs. "Os ônibus articulados representam uma excelente opção para ampliar o atendimento ao usuário e diminuir o tempo de deslocamento", destacou Euclides Castro, gerente da linha de ônibus urbanos da Volvo Bus. A marca sueca também levou seus representantes no segmento para a FetransRio. Até a Iveco, novata no segmento de ônibus no Brasil, apresentou seus planos para chassis articulados.

A onda positivista também chegou às encarroçadoras, cuja produção acompanha diretamente os pedidos dos frotistas. As empresas mostraram novas soluções e avanços no design dos ônibus, que estão mais modernos que nunca. A Marcopolo aproveitou para lançar o Audace, o modelo rodoviário de curtas e médias distâncias. Além disso, reestilizou os Paradiso 1200 e 1050, que ganharam design inspirado e mais tecnologia a bordo. A Comil também levou seu primeiro rodoviário double decker – com dois andares –, o Campione DD e anunciou a construção de uma nova fábrica em Lorena, no interior de São Paulo. Neobus e Caio focaram em suas carrocerias para BRTs – com seus MegaBRT e Millenium BRT respectivamente – que apresentam soluções semelhantes de funcionalidade no sistema de transporte.

Apresentados ainda como possibilidades para o futuro, os ônibus híbridos deram suas caras na FetransRio. A MAN levou o europeu Lion’s City Hybrid, enquanto a Volvo já tem seu modelo fabricado na fábrica da marca em Curitiba. Ambos utilizam um sistema semelhante, com um motor elétrico que impulsiona o veículo em baixas velocidades – a até cerca de 20 km/h –, a partir da qual entra em funcionamento o motor diesel convencional – mas de menor capacidade do que seria necessário caso ele empurrasse sozinho o ônibus. No entanto, as duas empresas divergem sobre o futuro da tecnologia no Brasil. "O híbrido diesel-elétrico ainda não é a tecnologia mais adequada ao país", afirma Ricardo Arouche, diretor de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN Latin America. Enquanto isso, a Volvo já testa o sistema em Curitiba e São Paulo, e aposta na redução de até 35% do uso de diesel e 90% das emissões de poluentes para convencer as empresas a gastarem cerca de 60% a mais num chassi híbrido da marca. O agito no segmento de ônibus está apenas começando.

Fonte: Motor Dream