R$ 2,40!

Por Rossano Varela - Colunista do Blog Transporte Público do RN

E que surpresa, amarga surpresa, Natal teve na última terça-feira (28). Da noite para o dia a passagem de ônibus urbano aumentou R$ 0,20 centavos, passando dos R$ 2,20 para os R$ 2,40. Complicado, muito complicado, ainda mais se levarmos em conta as variáveis de nosso sistema de transporte público.

No dia em que o aumento entrou em vigor publiquei uma conta, mais uma brincadeira, que mostrava que um veículo de passeio, um Peugeot 106, tornara-se de melhor custo/benefício do que o ônibus, onde o pequeno automóvel francês sai mais barato, quanto a um custo direto, no caso o combustível, que o ônibus. Existem muitos outros carros ainda mais econômicos que podem apresentar uma relação ainda melhor. Enfim, o ônibus em Natal está mais caro que o carro em algumas situações.

Seria culpa dos empresários? Não acredito nessa hipótese. Embora figurem como vilões, acredito que o aumento tenha sido justo se pensarmos nos custos que as empresas de Natal tem. Com nosso trânsito – e buracos – fica difícil obter um bom rendimento do aparelho, que é o ônibus.

Culpa dos gestores? Agora sim, chegamos aos culpados. “Essa prefeita...”, “Mas o Governo do Estado...”: não! Não culpo a prefeita, tampouco a governadora. Lamentavelmente o Brasil incentiva o consumo de veículos particulares desde a época de Juscelino Kubitschek (historiadores e estudantes, corrijam-me se estiver errado), criando desde então uma “cultura do carro”. O erro dos nossos gestores, inclusive do governo Dilma é incentivar o uso do automóvel particular, ignorando o transporte de massa. O resultado é: cidade congestionada.

Não bastassem os muitos automóveis, vem os ônibus de nossa capital potiguar, que não são bons. Aqui eu entro numa discussão polêmica que alguns especialistas em transporte até evitam. Já vou avisando que não estou infectado pelo preconceito, nem pela discussão de marcas, mas analisando por olhos técnicos, a má qualidade de nossos ônibus passa pelas carrocerias básicas e chassis igualmente básicos, onde, desprovidos de conforto, afastam usuários. O chassi mais presente na nossa cidade não é adequado, a meu ver, para um transporte coletivo de qualidade, sendo mera descendência de um chassi de caminhão.

É difícil falar do assunto porque são muitas as variáveis e o assunto é extenso. Adoraria um bom debate entre os especialistas em ônibus da nossa cidade para refletirmos sobre o aumento. Além do mais, paro por aqui porque esse episódio ainda não terminou, afinal a cidade esboçou algumas manifestações e portanto, teremos novas emoções. Assim espero.

Fonte: Analise e Opiniões