Em 2014, país terá museu brasileiro dos transportes

Museu Brasileiro dos Transportes será referencial na memória de um dos setores mais importantes da economia. Espaço contará com réplicas, fotos, documentos e até depoimentos de quem fez a história atrás do volante

Por ADAMO BAZANIBLOG PONTO DE ÔNIBUS
Vía Transporte Público do RN

Foto arquivo do antigo blog Mix Bus RN atual blog Transporte Público do RN
Na Inglaterra tem, nos Estados Unidos, Suécia e África do Sul também. Estes países que costumam preservar sua memória destinam um ou mais espaços para que a história dos transportes não se perca com o tempo.

O setor de transportes é um dos mais relevantes na economia de qualquer nação. Por mais simples que seja o produto que você ver, seja um bem agrícola ou mesmo uma folha de papel ou um computador de última geração, há o setor de transportes atuando nele. Seja pelos caminhões que transportaram a matéria-prima ou pelos ônibus que levaram os trabalhadores de suas casas aos locais de serviços para plantarem, colherem, fabricarem, inspecionarem ou mesmo administrarem.

O Brasil é carente de espaços que reúnam e preservem a memória deste setor que auxilia na construção do País e de histórias pessoais. O que existem são iniciativas da própria sociedade, como a VVR – Viver, Ver e Rever, do Primeiro Clube do Ônibus Antigo Brasileiro, que reúne uma vez por ano ônibus e caminhões antigos que revelam muito da história das cidades, e dos centros de memória de empresas operadoras e fabricantes. Mas falta um espaço fixo destinado ao público em geral durante todo o ano.

Mas isso em 2014 deve mudar. A FuMtran – Fundação Memória do Transporte, ligada à CNT – Confederação Nacional do Transporte, deve inaugurar em 2014 no quilômetro 143, da Rodovia Dom Pedro I, em Campinas, interior Paulista, o Museu Brasileiro dos Transportes.

O espaço vai ter 19.200 metros quadrados. Só a área das exposições ocupará 7.800 metros quadrados. Um centro de convenções terá 2 mil metros quadrados e os acessos, restaurantes, bibliotecas e estacionamento devem preencher 9.800 metros quadrados. Haverá também áreas para jardins e terraços.

O hall de entrada será como um terminal de passageiros, com bancos de espera, sanitários, iluminação especial e painéis como de aeroportos e rodoviárias, mas que informam as programações do museu.

Ao jornal DCI, um dos responsáveis pelo projeto, Sérgio Athié, do escritório de arquitetura Athié/Wohnrath, disse que o visitante vai se sentir conduzido por diferentes modais durante sua visita.

“Queríamos que o público se sentisse acolhido desde a chegada, indo de um modal a outro, conhecendo um pouco de tudo, explorando o movimento do mundo do transporte. Com foco no estudante, o museu usará variados recursos tecnológicos, com ênfase na interatividade presente tanto no acervo fixo quanto nas exposições temporárias. Em todas a ênfase será a importância dos transportes e as articulações entre os vários modais.”

AUXÍLIO DO BNDES E DA INICIATIVA PRIVADA

As obras devem custar ao todo R$ 90 milhões. O início deve ser em 2013 com duração de aproximadamente 18 meses. O projeto inicial foi financiado pela CNT – Confederação Nacional do Transporte.

A diretora da Fundação Memória do Transporte, Elza Lucia Panzan, disse que pelo caráter cultural da obra, vai tentar financiamentos de até R$ 17 milhões a fundo perdido do BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social.

A obra vai ter detalhes curiosos, como duas caixas de vidro, aumentando a visibilidade tanto interna como externa.

Estruturas representando contêineres serão as salas de exposição.
Para se manter, o museu vai contar com doações de empresários do setor de transportes.

TRABALHADORES:

O objetivo do museu é retratar o universo de todos os personagens do setor de transportes. Assim, os empresários e pioneiros do setor, que na época administravam seus negócios ao mesmo tempo que dirigiam seus ônibus e caminhões, serão lembrados. Motoristas de ônibus e caminhoneiros que dedicaram a maior parte de suas vidas aos transportes e pelo setor à sociedade também serão homenageados.

Um dos exemplos são os depoimentos de caminhoneiros que ficaram duas semanas presos na lama durante a construção da rodovia Belém – Brasília.

Assim, o museu não terá um caráter patronal, mas histórico da forma mais completa possível, mostrando que como os vários modais se complementam, sendo um importante para o outro, assim é com as pessoas que atuam nos diversos segmentos de transportes, independentemente de sua posição social.

Fotos, réplicas de veículos, vídeos, documentos e peças, além de eventualmente ônibus e caminhões antigos, farão parte do acervo ou das exposições itinerantes.