"Estamos nos aproximando do caos"
Confira uma matéria muito interessante da Tribuna do Norte na qual fez uma bate papo com o Demétrio Torres discutindo assuntos como as de mobilidade urbana entre outras. A reportagem é de Vicente Estevam:
O secretário da Secopa, Demétrio Torres, na semana em que o projeto da Arena das Dunas completou um ano de construção, aproveitou para falar também sobre a questão dos projetos de mobilidade urbana previstos para Copa de 2014. Se apresenta muito otimismo em relação ao estádio, o mesmo não se pode dizer da opinião emitida pelo secretário em relação a esse outro ponto do pacote de legados que a vinda do mundial trará para a capital potiguar. Demétrio Torres admite que alguns projetos não devem ficar prontos, coloca a remodelação da estrada de Ponta Negra como passível de não ficar pronta e afirma que o governo não terá alternativa, a não ser decretar feriado no dia dos jogos válidos pela Copa do Mundo na tentativa de prevenir um caos no trânsito natalense. Todos os pontos abordados são tratados com transparência nessa entrevista à TRIBUNA DO NORTE.
Com as obras da Arena vai tudo bem, mas e as de mobilidade um ano depois, como vão?
Esse é nosso ponto fraco, mas também é necessário dizer que isso ocorre em todo o Brasil. A média nacional nos projetos de mobilidade urbana está na casa dos 5%. Eu tenho dito que Natal tem um diferencial das demais cidades-sede que é a localização privilegiada da nossa arena. Ela se encontra entre os dois principais corredores de transportes urbanos. Mas não podemos negar que as obras de mobilidades são muito importantes, que serão realizadas com recursos de empréstimo concedido pelo governo federal e o município de Natal não perderá mais essas verbas. Apesar disso existem algumas obras que não devem ficar prontas até o início da Copa do Mundo de 2014.
Mas isso deve ocorrer apenas em Natal?
Não, em todo país isso deve ocorrer, pois infelizmente quando foi iniciado esse processo de investimento em mobilidade urbana, as cidades-sede não possuíam projetos prontos. O governo federal também não tinha definido a linha de crédito para atender essa demanda, tanto que só agora Natal está para assinar o convênio para receber os recursos para suas obras. Não é uma preocupação básica, mas será importante que se consiga realizar o máximo possível até 2014.
Desses projetos considerados em risco, quais especificamente causam maior preocupação ao governo do Estado?
As obras urbanas que necessitam de desocupação de imóveis, sempre geram maior preocupação. Os exemplos que temos não são bons e isso ocorre em todo país. Começa pela própria legislação que não é tão forte, bem como não é tão atualizada. As condições para realizar as avaliações não são seguras, tenho dito que a gente fala de mobilidade para a Copa, porque ela está batendo a nossa porta, mas não podemos esquecer dos problemas das cidades médias. Talvez ai esteja o maior entrave do país, atualmente não é simples resolver o problema de trânsito nesse tipo de cidade. Optando pelo modelo convencional, nós iremos precisar de espaço e eles estão cada vez mais raros nos municípios médios. As outras soluções não convencionais também são lentas, então vamos carecer de uma legislação mais apropriada para o transporte público, temos de possuir condições atualizadas pelo fato de a nossa legislação ser antiga, caduca, já foi remendada e precisar mudar. Essa questão de mobilidade não é fácil.
As nossas políticas públicas para essa área estão corretas?
As políticas adotadas no Brasil, de certa forma quando tentamos resolver apenas as questões de forma pontual, acabamos provocando outro problema. Para exemplificar posso usar o caso da redução do IPI para os automóveis novos. O que aconteceu depois disso? A população foi as compras e temos hoje muito mais carros nas ruas e menos recursos nos cofres dos estados e dos municípios. Se possui efeito positivo na economia, a medida também gera um efeito nefasto bastante significativo na questão da mobilidade.
Temos mais algum exemplo do tipo?
Outra medida boa em termos econômicos, mas que veio agregada com alguns malefícios foi a decisão de zerar a CID, uma contribuição que incide nos combustíveis para manutenção das rodovias. Se formos olhar a questão da mobilidade veremos também que o problema específico não está restrito apenas as cidades e que alguns trechos rodoviários já estão apresentado as mesmas dificuldades. Na Grande Natal possuímos vários trechos que já nos dão problemas, e sérios! Se não tivermos recursos para mexer e modificar essas rodovias a tendência é que ele vá aumentando mesmo. Essa é uma discussão que seria bem mais produtiva se fosse realizada isolada dos projetos para Copa. Em minha opinião seria bem mais produtivo. A mobilidade é uma coisa muito séria e merece uma discussão séria também.
Mas por que esse tema tem de ser isolado?
Você não imagina como é difícil convencer um cidadão a não comprar um carro. Se o poder de compra dele melhorou, as condições de financiamento idem. O carro é o sonho de consumo de quase todo mundo por quê?Porquê ele lhe dá liberdade de sair de casa a hora que bem entender, ir para aonde quiser, com quem quiser, chegar a hora que quiser. Então como convencer esse cidadão? Não é fácil arranjar uma solução para um problema desses, tem de ser realizada uma discussão muito séria mesmo.
Do jeito que está, a malha viária de Natal comporta um acréscimo tão grande de pessoas como é esperado para Copa?
Me preocupa muito. Se você pudesse isolar veria que Natal é uma cidade de 17 mil hectares. Se retirarmos as partes protegidas e que não se pode construir como os rios, mangues e Dunas, irá nos restar apenas 10 mil hectares. Por aqui circulam por dia uma ordem de 400 mil veículos e se tivéssemos de construir estacionamentos para comportar todo esse fluxo, iríamos necessitar de mil hectares. Ou seja, ocuparíamos 10% da cidade apenas para construir estacionamentos. Esses números indicam que estamos por sofrer um verdadeiro imobilismo da cidade. Já temos isso nos horários de pico em várias vias transversais e estamos nos aproximando do caos. Por isso digo que nós não podemos de deixar de discutir a mobilidade urbana como uma coisa muito séria e de forma ampla.
As obras que estão planejadas para 2014, serão suficientes para evitar o caos?
Elas são importantes, mas não vamos resolver os problemas de Natal apenas com esses projetos. Nossas questões são bem mais amplas, necessitamos de um planejamento completo não só da mobilidade como do transporte público, que é um item importante nessa questão. Com o VLT, que lutamos tanto por ele, por exemplo, nós iremos deixar de transportar 4 mil usuários da rede ferroviária por dia, para transportar 50 mil. Isso significa que nós iremos tirar daquele fluxo na ponte de Igapó, mil ônibus por dia. Essa é uma solução de transporte público e também acaba sendo uma solução de mobilidade, pois no momento que esses ônibus deixam de passar por lá, nós estaremos melhorando o trânsito local.
Mas já está sendo realizado algo neste sentido?
Nós estamos realizando agora um levantamento e estou lançando licitação para gente desenvolver dados reais e sair também do "achismo". Uma coisa já se concluiu, não podemos buscar a solução da mobilidade em Natal sem pensar na região metropolitana. Nessas obras da Copa nós já começamos a pensar justamente dentro desse conjunto.
Esse prazo de dois anos são suficientes para reformular a malha viária natalense?
Não, o tempo é muito curto. Se formos analisar, todos os projetos neste sentido desenvolvidos em Natal foram pontuais. O viaduto de Ponta Negra é importante? É, mas não deixa de ser um projeto pontual. Tiramos um problema daqui e passamos só para um pouco mais adiante. Se formos ver aquele construído na zona norte, tiramos o problema daquele cruzamento da João Medeiros e jogamos na Ponte de Igapó, no bairro Nordeste. Valor esses projetos têm, mas hoje precisamos ter estudos completos antes de realizarmos novas intervenções. Natal não suporta mais obras pontuais.
Dos projetos em andamento, quais são os estritamente necessários para minimizar os transtornos aos nossos visitantes, no período do Mundial?
No caso de Natal uma das obras mais importantes é a conclusão do prolongamentos da Prudente de Morais, por que você vai conseguir reduzir os carros que passam pela BR-101 e a Salgado Filho, ou seja teremos a oportunidade de dividir esse fluxo de trânsito para saída e entrada da nossa cidade. Na minha avaliação é a obra mais importante. A outra será o acesso ao aeroporto de São Gonçalo, mas esse projeto está atrelado de forma direita ao cronograma do novo aeroporto: uma não sai sem a outra. Uma obra que será não apenas importante para a Copa como para toda cidade é a questão da Urbana. É você tirar as travas que existe naquele complexo viário que marca o encontro de duas cidades. Mas fazer isso e logo adiante não resolver o problema do trânsito em São Gonçalo do Amarante, também não adianta tanto, a não ser para quem vai para Redinha.
Então além de complicado o sistema é complexo?
O que ocorre hoje com Natal, ocorre também com o restante das cidades de grande e médio porte. De repente nossas cidades ficaram com as condições de mobilidade muito difícil. Isso não foi estudado, mas agora tem de ter um começo e estamos tentando fazer exatamente isso para deixarmos de fazer obras apenas pontuais.
Os projetos que o governo não tem segurança de acabar até a Copa, vai valer a pena investir neles?
É claro que sim, porque eles estão previsto na mobilidade. Tudo que pudéssemos antecipar dessa obras seria muito bom para cidade. Tenho dito o seguinte, se hoje a mobilidade está ruim, amanhã estará muito pior sem alguma intervenção. Na Copa, mesmo com todos os projetos ficando prontos, eles já não seriam suficientes para resolver nossos problemas. E se não for realizado o estudo com essa visão macro da cidade para resolver a situação, não vai demorar muito para chegarmos ao caos.
O projeto da Engenheiro Roberto Freire vai sair do papel?
Existe a possibilidade técnica de ficar pronto, mas é um projeto que ainda irá depender de uma audiência pública e um licitação. Isso foge ao controle do estado, de repente uma empresa entra com ação e atrasa tudo. Hoje admito a possibilidade de a obra não ficar pronta. Agora, uma coisa é certa e é importante frisar: os recursos estão assegurados e garantidos e por ser uma obra importante para cidade, uma vez que temos de dar uma solução para aquele problema, eu acho que isso não deixa de ter sido um legado pelo fato de Natal ter ganhado a condição de cidade-sede da Copa.
Pelo o que o senhor vem expondo, posso entender então que o governo não terá como fugir de decretar feriado nos dias dos jogos do Mundial. É verdade?
Do jeito que nós estamos, com o crescimento percentual da nossa frota exagerado, o governo forçosamente será obrigado a decretar feriado para realização de qualquer evento de grande porte que venha ser realizado fora de um sábado ou domingo em Natal. No Carnatal já quase ocorrendo isso, as repartições públicas decretam ponto facultativo e diminui o movimento na cidade. Qualquer evento que venha ocorrer nós estaremos passíveis de ter de parar algum setor, por isso, não tem como. É uma questão de espaço. Conversei com um especialistas em trânsito que me passou alguns dados assombrosos. Teve período em que nossa população cresceu 10% e que a frota de veículos, no mesmo espaço, em Natal, cresceu na ordem de 60%. É para se assombrar ou não!
O problema com a malha viária trava o desenvolvimento de Natal?
Trava em todo os aspectos. As pessoas se estressam, adoecem, qualquer coisa que você possa imaginar reflete na mobilidade. Imagine você numa ambulância para entrar em Natal após sofrer um acidente no interior. Nada está fora dessa questão, sem se mover as coisas não acontecem.
Fonte: Tribuna do Norte
Entrevista Demétrio Torres/ Secretário da Secopa | Foto de: Alex Régis |
Com as obras da Arena vai tudo bem, mas e as de mobilidade um ano depois, como vão?
Esse é nosso ponto fraco, mas também é necessário dizer que isso ocorre em todo o Brasil. A média nacional nos projetos de mobilidade urbana está na casa dos 5%. Eu tenho dito que Natal tem um diferencial das demais cidades-sede que é a localização privilegiada da nossa arena. Ela se encontra entre os dois principais corredores de transportes urbanos. Mas não podemos negar que as obras de mobilidades são muito importantes, que serão realizadas com recursos de empréstimo concedido pelo governo federal e o município de Natal não perderá mais essas verbas. Apesar disso existem algumas obras que não devem ficar prontas até o início da Copa do Mundo de 2014.
Mas isso deve ocorrer apenas em Natal?
Não, em todo país isso deve ocorrer, pois infelizmente quando foi iniciado esse processo de investimento em mobilidade urbana, as cidades-sede não possuíam projetos prontos. O governo federal também não tinha definido a linha de crédito para atender essa demanda, tanto que só agora Natal está para assinar o convênio para receber os recursos para suas obras. Não é uma preocupação básica, mas será importante que se consiga realizar o máximo possível até 2014.
Desses projetos considerados em risco, quais especificamente causam maior preocupação ao governo do Estado?
As obras urbanas que necessitam de desocupação de imóveis, sempre geram maior preocupação. Os exemplos que temos não são bons e isso ocorre em todo país. Começa pela própria legislação que não é tão forte, bem como não é tão atualizada. As condições para realizar as avaliações não são seguras, tenho dito que a gente fala de mobilidade para a Copa, porque ela está batendo a nossa porta, mas não podemos esquecer dos problemas das cidades médias. Talvez ai esteja o maior entrave do país, atualmente não é simples resolver o problema de trânsito nesse tipo de cidade. Optando pelo modelo convencional, nós iremos precisar de espaço e eles estão cada vez mais raros nos municípios médios. As outras soluções não convencionais também são lentas, então vamos carecer de uma legislação mais apropriada para o transporte público, temos de possuir condições atualizadas pelo fato de a nossa legislação ser antiga, caduca, já foi remendada e precisar mudar. Essa questão de mobilidade não é fácil.
As nossas políticas públicas para essa área estão corretas?
As políticas adotadas no Brasil, de certa forma quando tentamos resolver apenas as questões de forma pontual, acabamos provocando outro problema. Para exemplificar posso usar o caso da redução do IPI para os automóveis novos. O que aconteceu depois disso? A população foi as compras e temos hoje muito mais carros nas ruas e menos recursos nos cofres dos estados e dos municípios. Se possui efeito positivo na economia, a medida também gera um efeito nefasto bastante significativo na questão da mobilidade.
Temos mais algum exemplo do tipo?
Outra medida boa em termos econômicos, mas que veio agregada com alguns malefícios foi a decisão de zerar a CID, uma contribuição que incide nos combustíveis para manutenção das rodovias. Se formos olhar a questão da mobilidade veremos também que o problema específico não está restrito apenas as cidades e que alguns trechos rodoviários já estão apresentado as mesmas dificuldades. Na Grande Natal possuímos vários trechos que já nos dão problemas, e sérios! Se não tivermos recursos para mexer e modificar essas rodovias a tendência é que ele vá aumentando mesmo. Essa é uma discussão que seria bem mais produtiva se fosse realizada isolada dos projetos para Copa. Em minha opinião seria bem mais produtivo. A mobilidade é uma coisa muito séria e merece uma discussão séria também.
Mas por que esse tema tem de ser isolado?
Você não imagina como é difícil convencer um cidadão a não comprar um carro. Se o poder de compra dele melhorou, as condições de financiamento idem. O carro é o sonho de consumo de quase todo mundo por quê?Porquê ele lhe dá liberdade de sair de casa a hora que bem entender, ir para aonde quiser, com quem quiser, chegar a hora que quiser. Então como convencer esse cidadão? Não é fácil arranjar uma solução para um problema desses, tem de ser realizada uma discussão muito séria mesmo.
Do jeito que está, a malha viária de Natal comporta um acréscimo tão grande de pessoas como é esperado para Copa?
Me preocupa muito. Se você pudesse isolar veria que Natal é uma cidade de 17 mil hectares. Se retirarmos as partes protegidas e que não se pode construir como os rios, mangues e Dunas, irá nos restar apenas 10 mil hectares. Por aqui circulam por dia uma ordem de 400 mil veículos e se tivéssemos de construir estacionamentos para comportar todo esse fluxo, iríamos necessitar de mil hectares. Ou seja, ocuparíamos 10% da cidade apenas para construir estacionamentos. Esses números indicam que estamos por sofrer um verdadeiro imobilismo da cidade. Já temos isso nos horários de pico em várias vias transversais e estamos nos aproximando do caos. Por isso digo que nós não podemos de deixar de discutir a mobilidade urbana como uma coisa muito séria e de forma ampla.
As obras que estão planejadas para 2014, serão suficientes para evitar o caos?
Elas são importantes, mas não vamos resolver os problemas de Natal apenas com esses projetos. Nossas questões são bem mais amplas, necessitamos de um planejamento completo não só da mobilidade como do transporte público, que é um item importante nessa questão. Com o VLT, que lutamos tanto por ele, por exemplo, nós iremos deixar de transportar 4 mil usuários da rede ferroviária por dia, para transportar 50 mil. Isso significa que nós iremos tirar daquele fluxo na ponte de Igapó, mil ônibus por dia. Essa é uma solução de transporte público e também acaba sendo uma solução de mobilidade, pois no momento que esses ônibus deixam de passar por lá, nós estaremos melhorando o trânsito local.
Mas já está sendo realizado algo neste sentido?
Nós estamos realizando agora um levantamento e estou lançando licitação para gente desenvolver dados reais e sair também do "achismo". Uma coisa já se concluiu, não podemos buscar a solução da mobilidade em Natal sem pensar na região metropolitana. Nessas obras da Copa nós já começamos a pensar justamente dentro desse conjunto.
Esse prazo de dois anos são suficientes para reformular a malha viária natalense?
Não, o tempo é muito curto. Se formos analisar, todos os projetos neste sentido desenvolvidos em Natal foram pontuais. O viaduto de Ponta Negra é importante? É, mas não deixa de ser um projeto pontual. Tiramos um problema daqui e passamos só para um pouco mais adiante. Se formos ver aquele construído na zona norte, tiramos o problema daquele cruzamento da João Medeiros e jogamos na Ponte de Igapó, no bairro Nordeste. Valor esses projetos têm, mas hoje precisamos ter estudos completos antes de realizarmos novas intervenções. Natal não suporta mais obras pontuais.
Dos projetos em andamento, quais são os estritamente necessários para minimizar os transtornos aos nossos visitantes, no período do Mundial?
No caso de Natal uma das obras mais importantes é a conclusão do prolongamentos da Prudente de Morais, por que você vai conseguir reduzir os carros que passam pela BR-101 e a Salgado Filho, ou seja teremos a oportunidade de dividir esse fluxo de trânsito para saída e entrada da nossa cidade. Na minha avaliação é a obra mais importante. A outra será o acesso ao aeroporto de São Gonçalo, mas esse projeto está atrelado de forma direita ao cronograma do novo aeroporto: uma não sai sem a outra. Uma obra que será não apenas importante para a Copa como para toda cidade é a questão da Urbana. É você tirar as travas que existe naquele complexo viário que marca o encontro de duas cidades. Mas fazer isso e logo adiante não resolver o problema do trânsito em São Gonçalo do Amarante, também não adianta tanto, a não ser para quem vai para Redinha.
Então além de complicado o sistema é complexo?
O que ocorre hoje com Natal, ocorre também com o restante das cidades de grande e médio porte. De repente nossas cidades ficaram com as condições de mobilidade muito difícil. Isso não foi estudado, mas agora tem de ter um começo e estamos tentando fazer exatamente isso para deixarmos de fazer obras apenas pontuais.
Os projetos que o governo não tem segurança de acabar até a Copa, vai valer a pena investir neles?
É claro que sim, porque eles estão previsto na mobilidade. Tudo que pudéssemos antecipar dessa obras seria muito bom para cidade. Tenho dito o seguinte, se hoje a mobilidade está ruim, amanhã estará muito pior sem alguma intervenção. Na Copa, mesmo com todos os projetos ficando prontos, eles já não seriam suficientes para resolver nossos problemas. E se não for realizado o estudo com essa visão macro da cidade para resolver a situação, não vai demorar muito para chegarmos ao caos.
O projeto da Engenheiro Roberto Freire vai sair do papel?
Existe a possibilidade técnica de ficar pronto, mas é um projeto que ainda irá depender de uma audiência pública e um licitação. Isso foge ao controle do estado, de repente uma empresa entra com ação e atrasa tudo. Hoje admito a possibilidade de a obra não ficar pronta. Agora, uma coisa é certa e é importante frisar: os recursos estão assegurados e garantidos e por ser uma obra importante para cidade, uma vez que temos de dar uma solução para aquele problema, eu acho que isso não deixa de ter sido um legado pelo fato de Natal ter ganhado a condição de cidade-sede da Copa.
Pelo o que o senhor vem expondo, posso entender então que o governo não terá como fugir de decretar feriado nos dias dos jogos do Mundial. É verdade?
Do jeito que nós estamos, com o crescimento percentual da nossa frota exagerado, o governo forçosamente será obrigado a decretar feriado para realização de qualquer evento de grande porte que venha ser realizado fora de um sábado ou domingo em Natal. No Carnatal já quase ocorrendo isso, as repartições públicas decretam ponto facultativo e diminui o movimento na cidade. Qualquer evento que venha ocorrer nós estaremos passíveis de ter de parar algum setor, por isso, não tem como. É uma questão de espaço. Conversei com um especialistas em trânsito que me passou alguns dados assombrosos. Teve período em que nossa população cresceu 10% e que a frota de veículos, no mesmo espaço, em Natal, cresceu na ordem de 60%. É para se assombrar ou não!
O problema com a malha viária trava o desenvolvimento de Natal?
Trava em todo os aspectos. As pessoas se estressam, adoecem, qualquer coisa que você possa imaginar reflete na mobilidade. Imagine você numa ambulância para entrar em Natal após sofrer um acidente no interior. Nada está fora dessa questão, sem se mover as coisas não acontecem.
Fonte: Tribuna do Norte
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