Produção comercial de biodiesel no RN fica para 2013

Andrielle Mendes - Tribuna do Norte

A Petrobras Biocombustível transformará a usina experimental de biodiesel, localizada no município de Guamaré, em unidade comercial nos próximos meses. A unidade, que entra em operação comercial no primeiro semestre de 2013, será capaz de produzir 20 milhões de litros. A expectativa é atender ao mercado potiguar, que consome 22 milhões de litros por ano, em média. O investimento será de R$ 5,1 milhões. Serão gerados 2.430 postos de trabalho no campo e 37 na área industrial. O faturamento anual está estimado em R$ 50 milhões. Um protocolo de intenções será assinado hoje entre a companhia e o governo do estado para formalizar o investimento. A usina passará por adaptações, que terão início logo após a assinatura do protocolo. A estatal não esclareceu que adaptações seriam essas.

Emanuel Amaral

Refinaria de Guamaré funciona experimentalmente desde 2004

O projeto, apresentado em abril à governadora Rosalba Ciarlini, foi anunciado em 2009. Na época, a Petrobras externava o desejo de operacionalizar a unidade ainda em 2010, o que não ocorreu. "A viabilização do projeto passou por uma ampla negociação com as partes envolvidas para a construção de uma aliança estratégica que envolveu Petrobras Biocombustível, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), Área de Exploração e Produção da Petrobras (E&P), Abastecimento e Governo do Estado", justifica Alberto Fontes, diretor de Biodiesel da Petrobras Biocombustível.

O Rio Grande do Norte, segundo o diretor de biodiesel da Petrobras Biocombustível, Alberto Fontes, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE em abril, será o primeiro no mundo a trabalhar o conceito de biorrefinaria integrada (capaz de operar com diferentes matérias-primas, como gordura animal, resíduos de óleos e gorduras vegetais (OGR), soja, girassol, algodão e palma (dendê)). O biodiesel produzido no RN será vendido para distribuidoras que atuam no estado. Atualmente, o RN compra biodiesel de estados como Ceará e Bahia.

Para Américo Maia, secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico do RN, o fato do estado ter perdido 100% da produção de mamona e girassol (matérias-primas do biodiesel) nos últimos meses, em função da forte estiagem, não atrapalhará a retomada do projeto. Segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na semana passada, o Rio Grande do Norte foi o estado que registrou a maior perda de área plantada e de produção de grãos do país, na safra 2011/2012. O estado, afirma o secretário, importará sementes até voltar a produzir.

A implantação da unidade comercial, para Américo, ativará a cadeia produtiva e incentivará a agropecuária potiguar. "A Petrobras vai estimular a pecuária, comprando banha bovina, a agricultura, comprando oleoginosas dos agricultores familiares, e a indústria, estimulando o beneficiamento". A estatal diz precisar do apoio do governo para fechar uma parceria com os agricultores familiares e reconhece a necessidade do desenvolvimento técnico dos agricultores.

Mais de vinte municípios poderão fornecer matéria-prima para a estatal, segundo a Sedec. A implantação da unidade não gerará apenas novos empregos. "Também vai aumentar a arrecadação anual do estado em R$ 3 milhões", acrescenta Américo. Isso porque a matéria-prima não será mais beneficiada nos estados vizinhos, mas no Rio Grande do Norte. "O tributo fica no estado que produz", explica.

Localizada no Polo Industrial de Guamaré, a unidade experimental sedia desde 2004 o desenvolvimento de tecnologias próprias para produção de biodiesel. Nela, as equipes do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) testam diferentes processos e matérias-primas, como palma (dendê), mamona e girassol, com foco em inovações tecnológicas.

Fonte: Tribuna do Norte