RN está fora de iniciativa antipoluente

Setecentas cidades brasileiras terão que substituir o óleo diesel comercializado nos postos de combustível a partir do ano que vem. Nenhum município do Rio Grande do Norte, porém, está inserido na listagem apresentada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) semana passada. O diesel utilizado por caminhões, geradores de energia elétrica, caminhonetes, ônibus e micro-ônibus no Estado, é o mesmo utilizado por navios - óleo diesel A S1800 e B S1800 - que concentra o maior índice de enxofre dentre os demais tipos que abastecem as frotas em outros municípios do país. É, portanto, o que mais causa poluição.

O tipo de óleo diesel que a ANP determina que seja distribuídos nos postos de abastecimento é o A S50 e B S50 que são compostos por um teor máximo de enxofre de 50 miligrama/quilo. No Rio Grande do Norte, o óleo diesel vendido é composto por 1800 miligrama/quilo. Em 2011, de acordo com levantamento da Agência, o percentual de comercialização do combustível mais limpo aumentará em 42,5% em relação ao ano de 2009. A substituição dos tipos de óleo obedecem a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre a ANP e o Ministério Público Federal em 2008.

De acordo com o diretor das empresas Trampolim da Vitória (Parnamirim) e Cidade do Sol (Mossoró), Gino Costa, a capital potiguar será a única em todo o país que não receberá o diesel limpo - A S50 e B S50. "Não entendo porque o Rio Grande do Norte ficou fora desse programa. Fica difícil até mudarmos nossa frota pois os ônibus novos só funcionam alimentados pelo combustível mais limpo", ressaltou. Gino comentou que estados vizinhos ao nosso já recebem o óleo especificado pela ANP há alguns anos. "O RN é sempre o último em quase tudo", destacou o Gino Costa.

Atualmente, os postos potiguares comercializam óleo diesel a um custo médio de R$ 2,04 por litro, segundo a ANP. A variação do custo final do litro do óleo diesel limpo, em relação ao utilizado hoje no Rio Grande do Norte, oscila entre R$ 0,03 e R$ 0,15. Segundo Gino Costa, mesmo o preço sendo relativamento superior, a vida útil do veículo e o maior aproveitamento do combustível compensam o investimento. Na opinião de Gino Costa, o diesel vendido no Estado é ruim. "É por isso que vemos aquela fumaça preta mesmo em veículos novos movidos à diesel. É a qualidade do óleo que é ruim. É o mesmo de navios que transportam mercadorias pelos oceanos. Imagine a diferença. A gente inspira muita poluição", ressaltou.


POLÍTICA
Para o diretor de comunicação do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn), Augusto Maranhão, faltou empenho político para incluir o Rio Grande do Norte na rota de distribuição do combustível limpo. "O Seturn lamenta, como sempre, a desatenção da política na esfera federal que o estado tem tido ultimamente", disse. Ele cita o exemplo de Aracaju, cidade que receberá o diesel recomendado pela ANP a partir de 2012.

"Temos certeza que Aracaju não tem mais destaque que Natal nesse contexto e, todavia, a capital sergipana será incluída nesse projeto de combustível limpo", destacou. Para ele, é preciso que a classe política potiguar "acorde para urgentemente buscar essa nova mistura de óleo diesel para que Natal continue sendo o ar mais puro das Américas".

O procurador-geral do Estado, Miguel Josino Neto, foi procurado pela TRIBUNA DO NORTE para comentar a não inclusão dos municípios do Rio Grande do Norte na listagem divulgada pela ANP. Josino afirmou que desconhecia os motivos.

Ele sugeriu que o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Benito da Gama Santos, e o diretor executivo da Companhia Potiguar de Gás (Potigás), Saulo Carvalho, fossem consultados. Nenhum deles entretanto, respondeu às tentativas de contato telefônico. O Governo do Estado irá iniciar estudos de qualidade do ar para analisar a possibilidade de implantação da inspeção veicular obrigatória a partir do ano que vem.

Fonte: Ricardo Araújo - Tribuna do Norte