Caos no transporte público de Natal e a derrota da cidadania

Por Daniel Menezes do site Carta Potiguar

Foto divulgação: claudiolimanews.blogspot.com

Será que é tão difícil os ônibus, principal meio de transporte público de massa da cidade, passarem com um mínimo de periodicidade? Como é que um trabalhador pode acordar para ir para o trabalho pela manhã se o transporte aparece, as vezes, as 06:30 e em outros momentos o mesmo ônibos, no dia posterior, só vem dar as caras depois das 07:00Hs? Qual parâmetro tomar?

Minha mãe, que mora na região metropolitana – Nova Parnamirim -, reclama que é preciso se levantar uma hora antes do que poderia ser considerado razoável para poder torcer que ela consiga chegar no trabalho no horário combinado. Ora, se cidadania também se relaciona a qualidade de vida e os empresários de ônibus fazem uso de uma concessão pública, então posso afirmar que a prefeitura, na medida em que não faz valer os milhares de termos de ajustamento de conduta também firmados com o ministério público, ou mesmo não promove uma nova licitação, está contribuindo para a derrota da cidadania.

Qualidade de vida pressupõe, dentre outras questões, ter o direito de se locomover com tranquilidade, assim como a cidadania. Vem cá?! as linhas ultrapassadas da cidade promovem este direito básico? Se você já andou de ônibus alguma vez na vida terá a certeza que não.

Ao encontrar um antigo amigo da linha 45 (Brasília Teimosa/Campus) nos lembramos das histórias engraçadas (é preciso rir para não chorar) daquele “busão”. Porém, me disse ele, “Daniel, ainda bem que você tem um carro para andar, pois o 45 continua a mesma B…. Além da falta de periodicidade, a quantidade de ônibus é nitidamente subdimensionada e as vezes ainda espero 1 hora para poder ingressar no único meio de transporte que me é disponível”.

Poxa, será que sou feliz porque tenho um carro popular? E o problema só será resolvido quando todo mundo puder comprar um? E imaginando que isso seja possível (claro que sei que não é), esta será realmente a solução? Não estaremos produzindo outros problemas, problemas estes talvez maiores?

O planejamento mínimo da cidade de uma prefeitura que se propõe a “cuidar da gente” não pode passar incólume sem resolver este problema.

E, ao invés de reclamar do excesso de carros, como muitos que querem trânsito livre para os seus automóveis de luxo fazem, poderiam lutar por um sistema de transporte público de qualidade e condizente com uma passagem que é uma das mais caras do nordeste e com trechos, na maioria das vezes, ultrapassados, pois que não acompanharam o crescimento da cidade, e curtos, o que torna o valor pago pelo cidadão ainda mais absurdo.

Quando atingiu o bolso muita gente… as pessoas lutaram pelo #combustivelmaisbaratoja.

É chegada a hora de ter um pouquinho de solidariedade, até para melhorar as próprias condições de vida, e lutar por #transportepublicodequalidadeja.

PODEROSOS

Se a prefeita diz que é vítima dos poderosos por não ser de nenhuma oligarquia tradicional do RN e que está lutando por uma cidade melhor, que demonstre isso enfrentando o lobby dos empresários de ônibus que se eternizaram no poder e melhore o sistema de transporte público da cidade.

Seria uma ótima oportunidade para provar que, de fato, está do lado da população e não dos empresários.

Fonte: Carta Potiguar